Justiça reconheceu ocultação de cadáver e agravantes cruéis por parte de Aparecida Graciano de Souza, que ou por júri popular nesta terça-feira, 11.
Na tarde desta terça-feira, 11, em Três Lagoas, Aparecida Graciano de Souza, de 64 anos, foi condenada a 17 anos e 4 meses de prisão em regime fechado, após ser julgada culpada por envenenar, matar e esquartejar o marido, Antônio Ricardo Cantarim, em maio de 2023, no município de Selvíria.
O julgamento, realizado na 1ª Vara Criminal, durou quase o dia inteiro e terminou às 18h30, com leitura da sentença pelo juiz Rodrigo Pedrini Marcos. O magistrado impôs 12 anos de prisão pelo homicídio qualificado, com agravantes como uso de veneno e simulação, além do esquartejamento do corpo, encontrado em uma mala às margens da BR 158. A pena foi ampliada para 16 anos e 4 meses, acrescida de 1 ano e 10 dias-multa pela ocultação de cadáver, totalizando 17 anos e 4 meses. Aparecida também foi condenada a pagar R$ 10 mil em indenização por danos morais.
O corpo da vítima foi localizado no dia 25 de maio de 2023, quando moradores relataram à polícia um forte cheiro vindo de uma mala abandonada em uma estrada rural de Selvíria. Dentro, os investigadores encontraram apenas o tronco do homem. A cabeça e membros estavam desaparecidos. A denúncia partiu de vizinhos, que notaram o sumiço repentino de Antônio.
Inicialmente, Aparecida negou qualquer envolvimento. Contudo, durante interrogatório, confessou o crime, alegando motivações ligadas a abusos sexuais que teria sofrido constantemente enquanto estava inconsciente. Segundo ela, os estupros começaram cerca de seis meses após o início do relacionamento. A idosa relatou sentir dores no corpo e vergonha de procurar ajuda médica.
Em seu depoimento, ela alegou que o marido, ao confessar os abusos, ainda a ameaçou: “Se você me deixar, mando alguém te matar. Mato seus filhos e seus netos”. Segundo a defesa, foi essa ameaça que a levou a envenená-lo com “mão branca” (substância tóxica) e, posteriormente, esquartejá-lo para tentar ocultar o crime.
A defesa tentou convencer os jurados de que Aparecida agiu em desespero, após sucessivos abusos e ameaças de morte. Já o Ministério Público sustentou que o crime teve motivação financeira, alegando que ela tinha interesse nos bens da vítima, dos quais já istrava parte.
Apesar das alegações da defesa, o Tribunal do Júri reconheceu os elementos de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e frieza na execução do crime, resultando na pena severa. A acusada foi levada de volta ao presídio feminino, onde está custodiada desde a prisão em flagrante, um dia após a descoberta do corpo.
O caso ficou nacionalmente conhecido como “o crime da mala de Selvíria”, gerando forte comoção social. A brutalidade do ato e os detalhes revelados durante a investigação causaram indignação e surpresa até entre os investigadores. O promotor de Justiça que atuou no caso disse que “a pena reflete a gravidade do crime e o desprezo pela vida humana”. Aparecida ainda poderá recorrer da decisão, mas continuará presa preventivamente até o julgamento do recurso.